terça-feira, 3 de janeiro de 2012

OMG News: Pesquisadores desenvolvem vacina contra o vício das drogas

Num momento em que o uso de drogas é motivo de discussões em todo o mundo - uns porque querem descriminalizar, outros porque não conseguem combater de forma eficiente -, a expectativa, seja de quem é usuário ou de quem conhece algum e vive os transtornos provocados pelo vício, gira em torno da vacina que promete pôr fim à dependência de drogas. Ela está em fase final de estudos em humanos, antes de ser submetida ao órgão norte-americano que autoriza o comércio de alimentos e medicamentos (FDA), conforme explica o psiquiatra Thomas Kosten, do departamento de psiquiatria e professor do departamento de neurociência do Baylor College of Medicine, em Houston, nos Estados Unidos.

Embora a vacina não prometa resolver todos os problemas, já se sabe que o quesito abstinência tem muito a ganhar quando for dado início ao tratamento com a mesma. Ao receber a vacina com anticorpos, estes, por sua vez, vão impedir o acesso das partículas da droga ao cérebro e, com isto, minimizar os picos de abstinência em quem deseja abandonar o vício da cocaína, nicotina, heroína e metanfetamina. Porém, os pesquisadores, cientistas de uma forma geral, já fazem a ressalva de que não é possível se livrar da dependência logo de primeira.

Não se pode pensar em substituir os tratamentos já consagrados atualmente (como as medicações já existentes que auxiliam na diminuição da abstinência e dos efeitos do álcool) e a psicoterapia, por exemplo. Até porque, ao fabricar os fármacos, os laboratórios já deixam claro que, quando associado à psicoterapia, eles têm eficiência muito maior. Em entrevista concedida ao Diário, o médico José Toufik Rahd, de Rio Preto, especialista em tratamento de dependentes químicos, explica que a síndrome de dependência é uma doença com múltiplas causas.

Embora ainda não existam vacinas contra a dependência química disponíveis no mercado, não faltam estudos em curso para que logo as mesmas sejam disponibilizadas. Apesar dos resultados promissores, a previsão de comercialização desse tipo de medicamento é a partir de 2012. Não se pode esquecer que a dependência “envolve aspectos genéticos, psicossociais e ambientais. O uso inicial de uma droga é voluntário e, dependendo dos efeitos experimentados, pode evoluir para a dependência”, diz Toufik.

Portanto, quanto antes for iniciado o tratamento de combate ao vício, mais eficaz ele será. O médico observa que o uso crônico da droga diminui o prazer devido à adaptação do cérebro. “O aumento da quantidade e freqüência de uso é uma tentativa de obter os efeitos iniciais. A vida do sujeito passa a girar em torno da busca, uso e recuperação dos efeitos da droga”, afirma. Quem está esperançoso de poder fazer uso da vacina contra a dependência de drogas é o usuário de cocaína F.S.J., 38 anos, que diz ter dado início ao consumo da droga quando ainda era uma criança - e hoje paga um preço elevado.

“A gente tinha uma turma de amigos e cada um trazia uma droga nova para experimentar, e o resultado é que a cocaína entrou feito um raio em mim. E de tanto dividir seringa acabei por contrair a hepatite C, e contaminei minha mulher, que nunca usou nada. Hoje, tudo o que quero é ficar limpo”, relata.

Dependência instalada

Uma vez instalada a dependência, o organismo necessita da droga para manter um relativo equilíbrio. A interrupção brusca do consumo pode resultar na síndrome de abstinência. O sistema nervoso relaciona o organismo às variações dos meios internos e externos, controla o comportamento emocional, armazena experiências na memória e funciona através da complexa rede de neurônios que se comunicam por impulsos elétricos (neurotransmissores). Os receptores neuronais reconhecem os neurotransmissores como uma fechadura reconhece sua chave. As drogas, por sua estrutura química semelhante a dos neurotransmissores, podem se ligar aos receptores dos neurônios e estimular ou inibir a função dessas células.

Enquanto as drogas ocupam o lugar das substâncias produzidas naturalmente pelo cérebro, neurotransmissores como a dopamina, serotonina, acetilcolina, passeiam pelo circuito de recompensa, causando sensações de prazer e bem-estar. Pessoas com deficiência no funcionamento no circuito de recompensa têm dificuldade para controlar seus impulsos e buscam formas de gratificação e prazer imediatas. Essa disfunção no circuito de recompensa é determinante para instalação da dependência química.

Ação da vacina no organismo

As vacinas testadas contra a dependência química agem no organismo de modo semelhante ao das vacinas existentes contra vírus e bactérias - estimulando a produção de anticorpos pelo sistema imunológico contra agentes estranhos e nocivos ao organismo;

As moléculas das drogas, por serem muito pequenas, não são reconhecidas pelo sistema de defesa. Para que possam ser percebidas, pesquisadores inseriram moléculas semelhantes aos compostos químicos das drogas de abuso em pedaços inativos de vírus e bactérias;

Quando a vacina é aplicada, o sistema imunológico é alertado para a presença de um agente infeccioso, porém inofensivo (o vírus) e, ao mesmo tempo, reconhece a cocaína como um agente estranho a ser combatido, produzindo anticorpos que aderem às moléculas de cocaína assim que entram no organismo;

Uma enzima denominada colinesterase quebra a cocaína e libera a substância para ser eliminada pelo organismo antes que ela chegue ao cérebro, onde seus efeitos, tanto prazerosos quanto viciantes são produzidos;

A vacina inibe a ação da droga no cérebro por até 13 semanas. Sem os efeitos esperados, a droga se torna desinteressante aos usuários e dependentes químicos;

O objetivo da vacina é evitar que o paciente experimente os efeitos gratificantes da cocaína, a fim de reduzir seu desejo de usá-la e prevenir a recaída

Com informações do Diario da Região

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